
Esta é uma história sem fins lucrativos criada de fã para fã. Todos os personagens relacionados ao universo Pokémon citados no texto são marcas registradas da Nintendo. Saiba mais
Por Evandro Xoxim
O simpático velhinho de cabelos brancos estava na frente da lareira em sua sala de estar. O frio era constante naquela região, e era necessário mais do que apenas as roupas de inverno para se aquecer. Seu fiel companheiro, um Flareon tão velho quanto o próprio homem sentado em sua poltrona, dormia em profunda tranquilidade ao lado da lareira. À frente deles, deitados num tapete longo e peludo enquanto brincavam com seus Pokémon, havia também Igor e Samanta, os netos do velho homem. Eles possuíam um Eevee cada um.
Samanta desejava tornar-se uma mestra Pokémon e competir por todo o mundo nas mais diversas Ligas Pokémon que existiam. Igor, por outro lado, desejava seguir os passos do avô: queria se tornar um líder de ginásio. Todavia, diferentemente do homem que, antes de se aposentar, utilizava Pokémon do tipo Fogo, seu neto queria se tornar um líder de ginásio do tipo Grama — e mal podia esperar o momento de evoluir seu Eevee para um poderoso Leafeon.
Enquanto o velhinho assistia seus dois netos brincarem com seus Pokémon, uma lembrança veio à tona na mente do ex-líder de Ginásio. Ele olhou pela janela e, quase que no mesmo instante, abriu um sorriso enquanto seus olhos brilhavam mais intensamente, refletindo a luz da lua cheia. Ele então resolveu compartilhar a história com seus netos:
— Ei, crianças. Eu já contei para vocês sobre a vez em que eu fui salvo por um Pokémon lendário?
— O QUÊ?!? — surpreenderam-se Igor e Samanta, parando imediatamente o que estavam fazendo e dando atenção total para o avô. — Qual Pokémon? Por que você nunca nos contou isso antes? Por que você não capturou ele? Ele era forte?
A excitação das crianças era demonstrada nas perguntas frenéticas. Elas amavam Pokémon e há sempre um fascínio em conhecer as criaturas lendárias.
— Calma, calma, me deixem contar a história inteira — disse o velhinho, fazendo sinais com as mãos abertas para que as crianças se acalmassem. Ele tossiu levemente para aquecer a garganta e então começou a narrar. — Bom, tudo começou quando eu estava em Johto. Eu fui visitar meu amigo Pryce, um treinador de Pokémon do tipo Gelo. Após nos encontrarmos e travarmos uma batalha, eu resolvi explorar a região de Johto e talvez capturar alguns Pokémon. Eu fiquei sabendo de uma matilha de Houndours que estava causando problemas em uma cidade vizinha, e achei que seria uma ótima aventura e oportunidade.
— Houndour? Que Pokémon é esse, vovô? — perguntou Igor.
— Dãã… você não sabe de nada, mesmo. Houndour é aquele Pokémon que parece um cão preto, que é tipo Escuridão e também tipo Fogo. Não é verdade, vovô? — dizia Samanta com um nariz empinado.
— Sim, querida, você está certa — disse o velhinho, com a certeza de que sua neta seria uma grande treinadora. — Mas bem, como eu estava dizendo, eu fui atrás dessa matilha de Houndours. Conversando com alguns moradores da cidade, eu descobri que eles estavam roubando comida e atacando treinadores que se aproximassem do local onde eles estavam morando. Resolvi ajudar a cidade e, se tivesse sorte, eu também capturaria um deles. Com algumas indicações, eu segui a trilha até chegar perto da caverna que os moradores tinham me falado. Ela tinha o formato de uma caveira, mas parecia estranhamente vazia. Eu resolvi entrar lá e ver se os Houndours estavam mais ao fundo da caverna.
— E então, você encontrou o Pokémon Lendário? – perguntou Samanta, eufórica e com um brilho nos olhos enquanto abraçava seu Eevee.
— Não, ainda não. Conforme eu adentrava a caverna, mais e mais escura ela ia se tornando, até que em determinado ponto, sem que eu pudesse perceber, eu já não enxergava absolutamente nada.
— Mas o que você fez, vovô? — perguntou Igor.
— Fiz o que julguei mais sábio. Eu mandei o Flareon sair de sua pokébola e iluminar o caminho pra mim. Eu percebi que não havia nada na caverna além de rochas. Entretanto, alguns segundos depois eu comecei a ouvir rosnados e barulhos se aproximando. Eram os Houndours e eles pareciam irritados por ter um invasor em sua caverna.
— Caramba, vovô! E aí? — perguntaram ambos os netos. Desta vez, até mesmo os Eevees prestavam atenção somente no ex-líder de ginásio.
— Então, eu e o Flareon saímos correndo na direção oposta dos Houndours, entrando cada vez mais fundo na caverna. Mas, como tudo que começa tem um fim, a caverna também acabou. Conforme avançávamos, víamos uma luz alguns metros à frente. Nós corremos mais depressa e, quando finalmente encontramos a saída na parte oposta, a nossa luz no fim do túnel se revelou em uma longa queda. A saída da caverna era na verdade um cânion onde haviam várias árvores na parte de baixo.
— Puxa vida! E aí, vovô, o que aconteceu? — gritavam as crianças.
— Eeeevee, Eee!… — gritavam os Eevees.
— E aí… nós caímos. Foi um susto gigantesco — o velhinho mexia as mãos e simulava uma queda em ar livre. — Eu fiz tudo o que eu podia: peguei rapidamente a minha pokébola e consegui retornar o Flareon para ela, antes que ele se machucasse também. Afinal, você deve sempre se preocupar e cuidar dos seus amigos.
Igor e Samanta olharam para seus Pokémon e os abraçaram fortemente. Tal como o avô, eles sabiam que seus Pokémon eram seus melhores amigos e sempre estariam lá para ajudá-los — seja para torná-los mestres ou líderes de ginásio, seja apenas para diverti-los e sanar a tristeza.
— E você se machucou, vovô? – perguntou Igor.
— Sim. Na queda eu acabei quebrando o pé esquerdo, mas o pior não foi isso — falava o velho com o dedo indicador da mão direita levantado. — O pior não foi como eu caí, e sim onde eu caí: num ninho de Beedrills! E, se tem algo que vocês devem saber nas jornadas que estão por vir, é que as Beedrills podem ser assustadoras, ainda mais quando você invade o ninho delas.
— Ahhhh! Elas te atacaram, vovô? — perguntavam as crianças, fazendo caretas e imaginando as dores das picadas.
— Bom, digamos que… elas tentaram — disse ele, com um sorriso no rosto. — Elas vieram para cima de mim tão rápido que eu não tive nem tempo de reagir e entrar em batalha. Não que isso fosse ajudar, pois tinham tantas Beedrills que acho que nem mesmo o Flareon daria conta.
— Mesmo o Flareon tendo ataques do tipo Fogo, que levam vantagem contra Pokémon do tipo Inseto, vovô? — perguntou Samanta, apenas para provocar e mostrar que entendia mais sobre Pokémon do que seu irmão.
— Mesmo assim, querida. Eram muitos Beedrills, tantos que eu nem mesmo poderia contar.
— E é agora que o Pokémon Lendário aparece? — perguntou Igor, retomando a parte interessante da história.
— Sim. No momento em que as Beedrills avançaram para me atacar e estavam bem próximas, eu escutei um rugido. Mas não era apenas um rugido, era algo poderoso, um grito de poder, um comando. Quando eu me virei… lá estava ele. Ele era lindo e majestoso. Sobre as quatro patas ele se mostrava imponente. O seu pelo longo dançava conforme o vento soprava, aumentando ainda mais a imponência daquele Pokémon.
— E que Pokémon era, vovô? Que Pokémon? — perguntavam os netos, extremamente animados.
— Era um Entei. Um dos três cães lendários da região de Johto — revelava o velho, com um sorriso enquanto observava a lareira, recordando de Entei em cada brasa que crepitava.
— E o que ele fez, vovô? — perguntou Igor.
— Após o rugido, as Beedrills hesitaram. Acho que elas também estavam admirando a beleza e presença do Entei. Ainda assim, depois de alguns segundos, elas tentaram me atacar de novo, e foi quando o Entei soltou um poderoso golpe. Como se fosse uma chama sagrada, o golpe fez com que as Beedrills fugissem imediatamente. Apesar disso, ele não pareceu ter ferido gravemente nenhuma delas. Era um Pokémon poderosíssimo, mas também muito bondoso com os outros Pokémon. Eu fiquei de boca aberta, assistindo tudo aquilo e pensando o quanto os Pokémon do tipo Fogo eram poderosos.
— E o que aconteceu depois, vovô? Você não tentou capturar ele? — questionou Samanta.
— Não — respondeu o velho. — Eu jamais poderia tirar a liberdade dele. Mas por alguma razão eu sabia que, daquele instante em diante, sempre que eu precisasse, o Entei estaria ao meu lado para me ajudar. Ele olhava no fundo dos meus olhos e era como se ele dissesse: “está tudo bem agora”. Ele me carregou até a cidade próxima e me deixou no hospital. Daquele dia em diante, eu e o Entei nos tornamos bons amigos e eu decidi que viraria um treinador de Pokémon do tipo Fogo.
— Uaaaaaauuuuu, vovô! — gritavam as crianças, admiradas. — Você não tem outra história das suas jornadas para nos contar, vovô? Hein, hein?
— É claro que tenho, meus netos. Mas não hoje, pois já passou da hora de vocês irem para a cama.
— Ahhhhh, mas nós não queremos ir para a cama, vovô! — disse Samanta.
— É, queremos saber mais sobre suas aventuras e sobre o Entei — completou Igor, com uma cara tristonha.
— Desculpem, meus queridos. Mas como eu disse, está na hora de vocês irem para a cama. Outra hora eu contarei mais histórias e, além do mais, um dia vocês terão suas próprias aventuras no maravilhoso mundo Pokémon!
O velho se levantou e acompanhou seus netos até o quarto. Ele colocou Samanta e Igor em suas respectivas camas junto com seus Eevees. Antes de sair dali e fechar a porta, deu um beijo de boa noite e os aconchegou nos cobertores. Caminhou novamente para a sala, onde a lareira ainda iluminava o local e seu fiel companheiro Flareon dormia tranquilo.
Aproximou-se da janela e olhou para a paisagem noturna. À frente da belíssima lua cheia, havia a sombra de um Pokémon: ela tinha o formato de um grande cão e, pela maneira que o vento soprava, era possível notar que ele possuía muitos pelos. O velho sorriu e, num rápido movimento, a sombra desapareceu.
— Obrigado, Entei. Está tudo bem agora — repetiu o homem para si.
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