
Agora que o Mundial já passou e estamos aguardando pacientemente a chegada de Pokémon Sword & Pokémon Shield, podemos analisar com um olhar mais calmo e menos ansioso os resultados do campeonato, e basta uma olhada rápida para ver que o Japão veio com força esse ano.
A Terra do Sol Nascente chegou nas oitavas de final com quatro representantes, a segunda delegação com maior número de jogadores (atrás apenas dos EUA, com cinco). Nesse ponto, o resultado foi similar ao do ano passado, que também chegaram com quatro jogadores, porém apenas um atingiu o Top 4. Em 2019, três dos quatro jogadores das semifinais eram nipônicos. Uma final com dois japoneses deixa bem claro qual país levou o troféu pra casa, nas mãos de Naoto Mizobuchi.
Depois de um forte desempenho em 2017, com o campeão Ryota Otsubo, a cena japonesa está cada vez mais forte dentro do circuito. Os jogadores orientais sempre foram conhecidos por terem um metagame muito próprio e único, usando de monstrinhos muito específicos para situações inusitadas e times com cartadas surpreendentes vindas totalmente do nada. O próprio segundo lugar deste ano, Hirofumi Kimura, surpreendeu o mundo com seu Umbreon aguentando porradas inesperadas durante todo o campeonato.
Naoto não surgiu com nenhum coringa, entretanto. Seu time seguia um padrão forte já na cena, um seguro núcleo de Lunala e Groudon, com apoio de Tapu Fini para controle de terreno e uma dupla de Intimidate com Incineroar e Salamence – este último podendo MegaEvoluir. Talvez sua opção mais fora da curva seja Stakataka, mesmo este mesmo sendo uma opção já conhecida por ser o terror de Xerneas, que poderia ser uma ameaça para o time se não tivéssemos a Ultra Beast de tocaia.
O interessante mesmo é perceber como o Japão têm ganhado um momento nos últimos anos. Desde 2015 uma empreitada tão forte não surgia, ano no qual sete dos oito finalistas eram nipônicos. Em 2016, quando Omega Ruby e Alpha Sapphire receberam o formato hiperofensivo similar ao da cena de 2019 com dois lendários permitidos, os japoneses perderam muito espaço e não houveram classificados para as finais na categoria Masters. Desde então, sua presença têm se tornado mais ostensiva e o seu metagame forrado de coringas e truques inesperados começa a se consolidar em algo mais complexo e poderoso para os jogadores ocidentais.
O ousado campeão da categoria Senior, Ko Tsukide, frisa bem como esses trunfos podem surpreender. Seu Togedemaru foi especialista em perturbar os oponentes com sua combinação de Eject Button, Encore, Helping Hand e Fake Out, especialista em interromper táticas inimigas e quebrar o ritmo dos adversários. Shota Tamemasa, Top 4 da categoria Junior, utilizou da por vezes subestimada combinação de Snorlax com Belly Drum e Mimikyu com Trick Room e Psych Up para criar duas forças aterrorizantes em campo ao mesmo tempo. São táticas que muitos jogadores brincaram no começo do metagame mas não levaram adiante, enquanto outros como Shota conseguiram fazer funcionar até as finais do maior campeonato do jogo no planeta.
Com mais alguns meses da modalidade de 2019 rodando até a chegada de Sword & Shield, pode ser uma boa chance de abrir a mente para novas estratégias que fogem um pouco do radar usual, e ficar mais atento a como os nossos treinadores orientais jogam nos primeiros meses do jogo, especialmente com as limitações da Pokédex. Aguardemos os próximos capítulos dessa Liga Pokémon da vida real, e torçamos para não acabar como o Ash no próximo ano.